Bohemia Weiss || Ela voltou, sensual
Foi uma excepção durante as comemorações da instalação da Cervejaria Bohemia sob o clima fresco e verdejante de Petrópolis, mal se sobe do Rio de Janeiro: nessa altura, e numa série de milhares de garrafas, apareceu no mercado a Bohemia Weiss, uma cerveja turva, de boa e acentuada fermentação, com sabor a trigo. Devemos-lhe algum destaque, uma vez que a tradição cervejeira portuguesa em terras brasileiras não é inócua ou distante: foram mãos portuguesas que criaram a Skol brasileira, e que a impuseram como a primeira cerveja vendida em lata. Hoje, é provavelmente a terceira melhor de todas as loirinhas pilsener e maisntream no mercado do lado de lá do mar. E porquê? Porque há muitas razões e eu voltarei a elas. Pois houve reivindicações e exigências do mercado: e a Bohemia Weiss regressou. Pode encontrar-se na sua garrafa de 550 ml, dose cabal e interessante para apreciadores: a sua cabeleira loira e turva ondula dentro da garrafa e cai em cascata para o copo, deixando na boca um tom amargo (para quem já consumiu a Franziskaner, por exemplo, sabe ao que me refiro) que, em princípio, não seria admissível nos trópicos do Atlântico Sul. Pois é essa surpresa que é importante distinguir: o que parece uma cerveja europeia (e é) acaba por se transformar num sabor muito apetecível. Numa das últimas vezes bebi-a nos arredores de Porto Alegre, em Nova Petrópolis, no restaurante Colina Verde. Meu Deus. O garçom avançou por entre as mesas, segurando a garrafinha de Bohemia Weiss numa das mãos, os copos na outra; serviu um bom pedaço – fez espuma. Agitou em seguida a garrafa, para que não assentassem lá dentro nenhumas matérias flutuantes, e tudo se parecesse com aquele vasto mar de sargaços de que falava Jean Rhys. Depois, completou o copo com aquela espuma turva, especiosa, danada, safada, gostosa. Enfim, cheia de libido. O preço é incomparável. O sabor, esse, não tem preço. É boa.
+MARCA: Bohemia Weiss
Origem: Brasil
Álcool: 5,6
Avaliação: ***