6.6.06

Aprecio nas cervejas escuras o seu apelo à contenção, o seu peso e a suavidade. Não são coisas contraditórias. Ao contrário das cervejas claras, lagers clássicas e pilseners de eleição, as cervejas escuras ou mais escuras (stouts, ales, dunkels, de ruivas a pretas) chamam por nós naquele momento em que a boca se desfaz do líquido e o deixa seguir caminho; ou seja, a cerveja vai, parte, mas nós ficamos cá do alto, vigiando a descida esófago abaixo, se é que ela desce alguma vez pelo esófago – coisa que, por elegância, acredito que não fará. A designação de cerveja preta quase nunca é muito precisa, pois abarca uma série de identidade e de categorias muito distintas. A Tagus, que é uma boa lager, lançou agora a Magna, que se junta às outras cervejas escuras portuguesas. Recomendo que se proceda à sua prova: em primeiro lugar, não se trata de uma stout, antes aparece como uma dunkel de estilo alemão, quase regulamentar e bávaro, embora com um tom mais doce ou caramelizado. Olhada à luz, faz-nos tremer ligeiramente: o copo, transparente, revela um tom rubi profundo e nada envergonhado. E, se é mediana no seu aroma (nada de profundo, de facto), o paladar compensa bastante, com uma evocação simpática de sabores em suspensão, volteando e rodopiando naquele final de boca acentuado. Só o facto de não trazer impresso «stout» no rótulo é já uma coisa honesta. De facto, é uma boa dunkel portuguesa.

+MARCA: Magna
Origem: Portugal
Álcool: 5%
Avaliação: ***