6.6.06

Para festejar o início da produção na Cervejaria da Trindade, apareceu a Sagres Bohemia 1835, uma variante mínima da Sagres Bohemia anterior. Na verdade, trata-se de uma correcção da nova marca, com um ligeiro toque de fruto no seu carácter – mais aveludada, menos amarga no seu final de boca, e mais intensa no aroma. É uma homenagem ao interessante mito dos bons frades que amavam a cerveja e a fabricavam para prazer dos homens e glória do Divino. Não me parece mal. Se fizerem a experiência, num copo adequado, a Bohemia 1835 produz uma espuma mais densa do que Bohemia normal, o que leva a pensar que é uma pena tratar-se apenas de uma série limitada. Há uns tons (mas isso depende da imaginação do provador) de cereja e frutos maduros, muito mais indicados para uma cerveja deste género – e que a afasta definitivamente do gosto popular (o que é bom), dando-lhe notas de requinte e de exotismo, conferindo-lhe densidade e tornando-a mais apetitosa. Por instantes, num final de Primavera, pode mesmo parecer uma cerveja de bar, bebida ao balcão em copo de pint (a meu ver mais adequado, para esta Bohemia 1835, do que o formato belga) uma vez que não precisa tanto de respirar nem de correr o risco de oxidar. Pelo contrário: é uma cerveja que deve beber-se em goles cheios, fustigando as papilas e mostrando-lhes que é possível produzir uma ruiva aceitável, muito aceitável, com as cores nacionais. O bebedor não sabe como se consegue isso, mas dá-se conta de que há uma melhoria. E isso é bastante. E já é muito.

+ MARCA:
Sagres Bohemia 1835
Origem: Portugal
Álcool: 5%

Avaliação: ***