Várias vezes me têm perguntado quais são as melhores cervejas portuguesas – é um risco necessário e natural. Por sorte, mais do que por aquela natural sapiência que um cronista devia ter (e não tem), tenho podido evitar respostas. Tenho a minha lista. No topo, silenciosas, seguem as minhas três de eleição. De duas delas já escrevi há tempos, ambas lager – uma de travo agudíssimo, pilsener lusitana, leve e ligeira, como uma daquelas canções cujo ritmo não engana ninguém, é uma cerveja fácil (lembra muito aquela canção Esquece Tudo o que te Disse). A outra, lager de lei, loira intensa, perfumada de lúpulo e nada mais, com o tom amargo de quem não aparece para enganar incautos ou iniciados (e que lembra o grande hit de Tony de Matos, «o vendaval passou/ nada mais resta…»). Desta vez, porém, menciono outra lager muito apropriada, a Coral, madeirense (relembro que apareceu recentemente no mercado a Coral Tónica, que é a aventura funchalense no domínio das stout). Bebê-la a copo ou em garrafa traduz uma distinção apreciável, sobretudo se o barman sabe tirar correctamente a cerveja. No continente, para pena minha, não se encontra em barril – mas as garrafas estão por aí, e não desmerecem a tradição de uma cerveja leve, de baixíssima fermentação, refrescante e de «coração frio» (à semelhança de muitas brasileiras, por exemplo – refiro-me à cerveja), mas que não se envergonha do seu piquinho que eu atribuo ao desejo de agradar ao gosto médio nacional. E aquele tom de frescura que acalma as papilas não é um acaso.
+MARCA: Coral
Origem: Portugal / Madeira
Álcool: 5,6%
Avaliação: **