A cerveja brasileira tem os seus admiradores pelo mundo fora – e os portugueses aceitam, de bom grado e com santa ingenuidade, que se trata, em geral, de uma cerveja superlativa. Na verdade, há casos. Mas convém relembrar que uma cerveja é o modo como ela é construída e a circunstância em que é bebida. Portanto, num cenário idílico em que as poeiras dos trópicos transformam o nosso carácter e nos conferem uma certa dose de perturbação dos sentidos, até uma
Antárctica pode parecer uma boa cerveja. Mas não é. Ora, ao contrário do que se pensa, é cada vez mais difícil fabricar más cervejas. Depois de passar dois anos a escrever sobre o assunto, semanalmente, raramente encontrei más cervejas – em todo o mundo. A
Sagres, que lançou uma razoável cerveja ruiva há um ano (seguida pela
Super Bock, que lançou a
Abadia), acaba de disparar para o mercado com a
Sagres Chopp, tentando vender a imagem de uma «cerveja brasileira», leve e suave. Não conseguiu. Não tem espessura de «chopp» (que só se obtém verdadeiramente, em todo o seu esplendor, em barril), não tem a sua gloriosa espuma, não tem o seu sabor de coração frio. O rótulo é feio e desagradável, de design cavernícola – e a “carica” nem a marca leva impressa. Aroma, quase nenhum; sabor, amargo demais mas sem personalidade. Experimentei seis garrafas em copos diferentes e foi sempre desilusão. Não tem sabor, não é – ao contrário do que a sua publicidade afirma – leve e possui uma densidade que até na cor se manifesta. Um falhanço.
+MARCA: Sagres Chopp
Origem: Portugal
Álcool: 5%
Avaliação: *